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sexta-feira, 25 de março de 2016

A DOR MORAL DE NOSSO SENHOR. Frederico Viotti.




A dor moral de Nosso Senhor, durante sua Crucifixão, é muito pouco meditada. Quase todos só olham para os sofrimentos físicos. Todavia, a dor moral é mais profunda e mais dolorosa.

Diante de Anás e Caifás, Nosso Senhor estava só, o inocente era acusado pelos culpados. As testemunhas mentiam e seus discípulos fugiram.

Foi uma noite inteira de tormentos e injúrias que o Filho de Deus suportou e que prenunciavam os grandes sofrimentos que ainda viriam.

Horas depois, diante de Pilatos, flagelado e coroado de espinhos, ouviu uma multidão de pessoas, muitas das quais presenciaram seus milagres, pessoas a quem Ele tanto bem desejou, pedirem a Sua morte.

Entre o Cordeiro de Deus e Barrabás, um vil ladrão, aqueles homens pediram pela liberdade do ladrão e pela morte de Cristo.

Na frente de todos, o Rei do Universo, Deus feito homem, estava açoitado e humilhado pelos romanos que o zombaram dizendo “Salve, rei dos judeus!”, enquanto O esbofeteavam e coroavam com espinhos.

E aquela multidão de judeus, que tanta indignação tinha contra a ocupação romana, gritou diante de seu legítimo Rei: - "Crucifica-o! Crucifica-o". E Pilatos perguntou: “Mas eu vou crucificar o rei de vocês?” E os chefes dos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei além de César.”!!!

O Rei dos Reis – e descendente de David, Rei de Israel – era renegado por aqueles a quem viera salvar.

Carregando sua Cruz, apenas algumas santas mulheres O seguiam. Seus discípulos se escondiam da multidão. Em um determinado momento, Santa Verônica enxuga a face de Cristo com uma das relíquias mais impressionantes da Cristandade, o Véu de Verônica.

Pouco depois, um dos episódios de maior dor da História da Humanidade. Nosso Senhor vê o sofrimento de sua Mãe! E Sua Mãe vê o sofrimento de Seu Filho! Um sofrimento espelhado da forma mais perfeita, entre a mais perfeita das Criaturas e o próprio Deus encarnado, que era também Seu Filho! Quanto se poderia falar sobre esse espelho da dor!

Ao final daquela “Via Dolorosa”, está a Cruz.

Abandonado por tantos e tendo dado tudo de si mesmo, prestes a dar sua própria vida, o próprio Deus encarnado é pregado entre dois ladrões.

Naquele momento supremo, Nosso Senhor, voltando-se para São João evangelista como representante de toda a humanidade, entrega um dos seus últimos e mais valiosos tesouros... Sua própria Mãe. O que mais poderia Ele entregar após ter dado tudo?

Pouca coisa ainda falta, mas outra dor ainda maior estava por vir. Uma dor que nenhuma criatura tem condições de medir ou mesmo de compreendê-la por inteiro:
- "Eli, Eli, lama sabactâni"! "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes"?

Um sofrimento envolto no mistério da Santíssima Trindade. O próprio verbo de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, passa pela dor do completo abandono de Deus.

Sozinho, injuriado e crucificado pelos homens aos quais desejou apenas o bem, no alto de uma Cruz entre ladrões, após ter entregado até sua Mãe a nós, homens, agora sente a dor de ser abandonado por Deus.

Uma dor que se somou invariavelmente à outra, até a terrível morte da Cruz.

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