terça-feira, 20 de setembro de 2016

Eis como apareceram aos poucos, os Estigmas em Padre Pio.



Padre Pio recebeu primeiramente os Estigmas de forma invisíveis no dia 20 de Setembro de 1910. Abaixo, temos alguns trechos de Cartas do Padre Pio a seus diretores espirituais. Os Padres; Bento e Agostinho. Vejamos:

Carta 44 - Padre Pio a Padre Bento.
Pietrelcina, 08 de setembro de 1911 
[Padre Pio com pouco mais de 24 anos de idade e 1 de sacerdócio].

... ”Ontem de tarde aconteceu-me uma coisa que não sei explicar e nem compreender. No meio da palma das mãos apareceu um pouco de vermelho quase do tamanho duma moeda, acompanhado também de uma forte e aguda dor no meio daquele pouco de vermelho. Esta dor era mais sensível no meio da mão esquerda, de tal forma que permanece até agora. Também debaixo dos pés sinto um pouco de dor.

Este fenômeno há quase um ano que se repete (logo, os estigmas tiveram início em setembro de 1910), porém agora, já fazia algum tempo que não o sentia. Não se inquiete, porém, se agora, pela primeira vez, lho revelo; porque fui sempre vencido por aquela maldita vergonha. Também agora, se soubesse quanta violência tive que me fazer para dizer-lho! Muitas coisas teria para dizer-lhe, mas falta-me a palavra; digo-lhe somente que as batidas do coração, quando me encontro com Jesus Sacramentado, são muito fortes. Parece-me, às vezes, que queira até saltar-me do peito.

No altar, às vezes, sinto-me tomado de tal calor em toda a pessoa, que não consigo descrever-lho. A vista especialmente parece-me que queira transformar-se toda em fogo. Que sinais sejam esses, padre meu, ignoro-o”... (Epistolario. I, p. 234).

Carta 69 – Padre Pio a Padre Agostinho.
Pietrelcina, 21 de março de 1912.

... “Desde quinta-feira de tarde até sábado, como também na terça-feira é uma tragédia dolorosa para mim. O coração, as mãos e os pés parecem-me que são traspassados por uma espada; tal é a dor que sinto” ... [Nota: aqui Padre Pio não fala expressamente de estigmas, mas as dores estão localizadas exatamente no local dos estigmas]. (Epistolário I, p. 267).

Carta 287 – Padre Agostinho a Padre Pio.
S. Marco la Catola, 30 de setembro de 1915
[ Padre Pio com pouco mais de 28 anos de idade. - Padre Agostinho faz-lhe três perguntas]. 

... “Diz-me: 1º. Desde quando Jesus começou a favorecer-te com celestes visões? 2º. Concedeu-te o dom inefável dos santos estigmas, embora invisíveis? 3º. Fez-te provar e quantas vezes a sua coroação de espinhos e a sua flagelação? Julgo não parecer curioso, pois Jesus vê minha intenção. Tu deves rezar a Ele e responder-me e, embora eu esteja resignado a quanto Jesus quer, insisto e peço uma resposta” ... (Epistolario I, p. 659).

Carta 288 – Padre Pio a Padre Agostinho
Pietrelcina, 4 de outubro de 1915.
[Padre Pio esquiva-se de responder àquelas perguntas].

... “Perdoai-me se não apresento resposta àquelas interrogações que me tendes feito na última vossa. Para dizer-vos a verdade, sinto uma grande repugnância ao escrever sobre essas coisas. Não se poderia, ó padre, contemporizar de momento em dar satisfação às vossas perguntas?” ... (Epistolario I , p. 663).

Carta 289 - Padre Agostinho a Padre Pio 
S.Marco la Catola, 07 de outubro de 1915.
[Padre Agostinho insiste em obter resposta].

... “Pedes-me, enfim, para contemporizar nas respostas aos meus quesitos. Para dizer a verdade, eu sinto no coração o dever de insistir: creio que esta insistência não desagradará a Jesus, nem deves continuar sentindo repugnância em obedecer, porque, não duvides, tudo redundará para glória de Deus e salvação nossa. Caso o desejes, responde-me por meio duma carta reservada: Jesus me fará manter o segredo; tu sabes que nunca falei a não ser a almas às quais Jesus quer e quando Jesus o quer. Porque, então, tanta relutância? Tu deves ser sincero, deves dizer-me tudo: melhor, roga a Jesus que te faça revelar-me também qualquer outra coisa que eu não sei ou não me ocorre pedir-te. Jesus te ajude e te abençoe” ... (Epistolario. I, p. 665 s). 

Carta 290 - Padre Pio a Padre Agostinho.
Pietrelcina, 10 de outubro de 1915.
[ Padre Pio enfim responde às perguntas do diretor espiritual].

...”Em vossa decidida vontade de saber ou melhor de receber resposta àquelas interrogações, não posso não reconhecer a expressa vontade de Deus, e com mão trêmula e coração trasbordante de dor, ignorando a verdadeira causa disso, disponho-me a obedecer-vos.

Pela primeira vossa pergunta, quereis saber quando Jesus começou a favorecer a sua pobre criatura com celestes visões. Se não me engano, estas devem ter iniciado não muito depois do noviciado (nota: noviciado feito de janeiro 1903 a janeiro 1904, entre 16 e 17 anos de idade).

A segunda pergunta é se lhe concedeu o dom inefável dos seus santos estigmas.
A isto deve-se responder afirmativamente, e a primeira vez que Jesus quis digná-lo deste seu favor, foram visíveis, especialmente numa mão, e sendo que esta alma, em razão de tal fenômeno ficou estarrecida, rogou ao Senhor que lhe retirasse um tal fenômeno visível. Daquele momento não apareceram mais: porém, desaparecidas as chagas, nem por isso desapareceu a dor agudíssima que se faz sentir, em especial em alguma circunstância e em determinados dias.

A terceira e última vossa pergunta é: se o Senhor lhe fez provar, e quantas vezes, a sua coroação de espinhos e sua flagelação. A resposta também a esta pergunta deve ser afirmativa; quanto ao número não saberia determiná-lo. Somente o que posso dizer-lhe é que esta alma, há vários anos, padece isso, e quase uma vez por semana.
Parece-me ter-vos obedecido, não é verdade?” ... (Epistolario I, p. 669).



Carta 500 – Padre Pio a Padre Bento
San Giovanni Rotondo, 21 de agosto de 1918.

[Transverberação: 5 a 7 de agosto de 1918 – Padre Pio com pouco mais de 31 anos de idade e 8 de ordenação sacerdotal. Nota: Trata-se duma longa carta dirigida tanto ao Padre Bento como ao Padre Agostinho (com pequenas variantes), pela qual se mostra extremamente angustiado, desolado...]

“... Estou cansado de tanto cansar os guias e os suportes e somente a obediência me serve de amparo para não me abandonar a um abandono completo. Em força desta (obediência) sinto-me induzido a manifestar-vos o que me aconteceu no dia cinco à tarde até o dia seis do corrente. 

Não consigo dizer-vos o que me aconteceu neste período de superlativo martírio. Estava confessando os nossos rapazes (seminaristas capuchinhos) na tarde do dia cinco, quando repentinamente fui tomado por um extremo terror à vista dum personagem celeste que se me apresenta diante do olho da inteligência. Tinha na mão uma espécie de instrumento, semelhante a uma longuíssima lâmina de ferro com uma ponta bem afiada, de cuja ponta parecia lançar fogo.

Ver tudo isso e observar o dito personagem jogar com toda a violência o supracitado instrumento na alma, foi tudo uma coisa só. Com dificuldade emiti um lamento, sentia-me morrer. Disse ao rapaz que se retirasse, porque me sentia mal e não tinha mais forças para continuar.

Este martírio durou, sem interrupção, até a manhã do dia sete. O que sofri neste período tão lutuoso não sei dize-lo. Percebia que até as vísceras eram rasgadas e estraçalhadas com aquele instrumento, e tudo era metido a ferro e fogo. Daquele dia para cá me sinto ferido de morte. Sinto no mais íntimo da alma uma ferida que está sempre aberta, que me causa espasmos constantes.

Não é esta uma nova punição que me é imposta pela justiça divina? Julgai-o vós quanto de verdade há nisto e se eu não tenho todas as razões para temer e de estar numa extrema angústia” ... (Epistolario I, p. 1065 s).

NOTA BENE: 1.“Transverberação, por alguns chamada “assalto do Serafim”, é uma graça santificadora. De acordo com a clássica doutrina de São João da Cruz, a alma “incendiada de amor de Deus” é “interiormente tomada de assalto por um Serafim”, o qual, queimando-a, “traspassa-a até o intimo com um dardo de fogo”. A alma assim ferida é tomada por uma suavidade deliciosíssima, Santa Teresa de Jesus foi protagonista deste extraordinário fenômeno. Também o Padre Pio (como descrito acima). (Epistolario I, p. 148-149). [NOTA: “Após a morte de Santa Teresa de Ávila, seu corpo foi autopsiado, e então a ciência pôde comprovar que o coração estava realmente ferido por um dardo, porém cicatrizado. Hoje ele se conserva numa pequena igreja dos Carmelitas descalços, em Alba de Tomes (Espanha). Antes do Padre Pio, aquele era tido como o caso mais importante de transverberação, codificado nos tratados de teologia mística por São João da Cruz, discípulo de Santa Teresa” – Em Padre Pio, o Santo do Terceiro Milênio, Olivo Cesca, 2ª edição, p. 103, nota 9].
2. Estigmatização: “A transverberação no Padre Pio foi como o prelúdio da estigmatização. Enquanto a primeira é uma graça santificadora, a segunda é antes carismática, concedida por Deus em vantagem dos outros. No nosso caso pode-se também considerá-la como chaga de amor, porque é, por assim dizer, o complemento, a exteriorização e a projeção da ferida da alma” (Epistolario I, p. 152).

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