sábado, 20 de fevereiro de 2016

Santo Inácio de Santhiá.



Quando Padre Lourenço Mauricio Belvisotti se apresentou ao provincial dos capuchinhos de Turim pedido para se tornar frade capuchinho, deixou a todos maravilhados. Era um sacerdote bem sucedido, bom orador e pároco. 

O que mais estava querendo? 

O provincial o aconselhou a permanecer padre secular, mas nada pode convencê-lo; é então aceito entre os frades com o nome de frei Inácio de Santhiá.

Frei Inácio nasceu de uma família abastada em 05 de junho de 1686. Aos sete anos de idade fica órfão de pai e a mãe o entrega a um sacerdote para que seja educado, assim, além de receber uma sólida instrução, cresce também na piedade, amadurecendo a sua vocação sacerdotal.
Completa os estudos teológicos e em 1790 é ordenado sacerdote. Depois de seis anos de frutuoso ministério sacerdotal, entra para a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Ninguém compreende a sua decisão. Ele buscava humildade e obediência e sabia que somente entre os capuchinhos podia viver estas virtudes, nas quais se tornará um modelo durante os 54 anos de se seguirão.

Depois do noviciado passou por vários conventos, onde sua presença é sempre apreciada e seu exemplo edifica a todos, confrades e povo; sua serenidade e disponibilidade para qualquer serviço serão lembrados por muito tempo. 

Durante quatro anos, no convento do Monte, em Turim, se torna modelo de oração e dedicação às confissões dos numerosos penitentes, para os quais manifesta a bondade e misericórdia de Deus e sempre os recebe com imensa caridade. É chamado para ser mestre dos noviços, tarefa que executará por quatorze anos, tendo como meta fazer dos jovens a ele confiados, verdadeiros amantes de Deus; instruía mais com o exemplo que com ensinamentos, sendo sempre disponível para uma conversa em particular a qualquer hora.

Frei Inácio recebe uma carta de um frei missionário, em ex-noviço seu, tinha perdido a visão, recomendando-se às suas orações; Frei Inácio ora então a Deus e faz a oferta de sua própria visão se for de seu agrado. Deus escuta a sua oração e eis que o missionário recupera a vista, ao passo que o nosso santo vai perdendo a sua.

Assim, impossibilitado de continuar no oficio de mestre, é chamado novamente ao Monte de Turim, onde exerce a função de capelão, servido incansavelmente aos feridos com carinho.
De volta ao convento, se dedica à pregação, às confissões,  visita aos doentes, mas também continua a ser um contemplativo: caminhando pelas ruas da cidade, rezava o terço e entrava nas várias igrejas que encontrava. No convento, nas horas livres, retirava-se num cantinho da igreja e lá dialogava com o seu Senhor.


Quando já muito enfermo, o seu maior presente era quando o levavam à capela, onde ficava várias horas. Esta profunda união com Deus era o segredo para estar sempre tranquilo e sereno.

Tinha passado para a Ordem Capuchinha buscando a obediência, durante toda a sua vida procurou viver essa virtude, até o ultimo instante: somente quando o superior do convento pronunciou as palavras do ritual: “Parte, ó alma cristã, deste mundo...”, frei Inácio expirou, deixando fama de santidade.

O Papa Paulo VI o beatificou dia 17 de Abril de 1966, e o papa João Paulo II o declarou santo:

“Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados" (Jo 20, 22-23). Com estas palavras o Ressuscitado transmite aos Apóstolos o dom do Espírito e com ele, o poder divino de perdoar os pecados. A missão de perdoar as culpas e de acompanhar os homens pelos caminhos da perfeição evangélica foi vivida, de modo particular, pelo sacerdote capuchinho Inácio de Santhiá, que por amor de Cristo e para progredir mais rapidamente na perfeição evangélica se encaminhou seguindo as pegadas do Pobrezinho de Assis.

Inácio de Santhiá foi pai, confessor, conselheiro e mestre de muitos sacerdotes, religiosos e leigos que no Piemonte do seu tempo recorriam à sua orientação sábia e iluminada. Ele continua ainda hoje a recordar todos os valores da pobreza, da simplicidade e da autenticidade de vida.”

Homilia de Canonização – 19 de maio de 2002
Papa João Paulo II 

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