terça-feira, 20 de setembro de 2016

Carta 510 – Padre Pio a Padre Bento Estigmas visíveis e permanentes.

Carta 510 – Padre Pio a Padre Bento. Estigmas visíveis e permanentes. San Giovanni Rotondo, 22/10/1918.


[Padre Pio com pouco mais de 31 anos de idade e 8 de sacerdócio]

... “ O que dizer-vos a respeito do que me pedis sobre como acontecera a minha crucifixão? Meu Deus, que confusão e humilhação experimento em dever manifestar aquilo que Tu operaste nesta tua mesquinha criatura!

Foi na manhã do dia 20 do mês passado (setembro) no coro, depois da celebração da Santa Missa, quando fui surpreendido pelo descanso, semelhante a um doce sono. Todos os sentidos internos e externos, bem como as próprias faculdades da alma encontraram-se numa quietude indescritível. Em tudo isto houve um total silêncio ao meu redor e dentro de mim; penetrou imediatamente uma grande paz e abandono à completa privação de tudo e a um descanso na própria ruína. Tudo isto aconteceu num relâmpago.

E, enquanto tudo isto acontecia, deparei com um misterioso personagem, semelhante àquele visto no dia 5 de agosto, diferente apenas só por ter as mãos, os pés e o lado gotejando sangue. A vista dele aterrorizou-me; o que sentia em mim no momento não sei dizer-lho. Sentia-me morrer e teria morrido, se o Senhor não tivesse intervindo para sustentar o coração, que percebia saltar-me do peito.

A visão do personagem desaparece e eu me encontrei com mãos, pés e lado perfurados e vertendo sangue. Imaginai o tormento que provei então e que prossigo sentindo continuamente quase todos os dias.

A ferida do coração verte sangue freqüentemente, especialmente de quinta-feira de tarde até o sábado. Padre meu, eu morro de dor pelo tormento e pela subseqüente confusão que experimento no íntimo da alma. Temo morrer dessangrado, se o Senhor não atende aos gemidos do meu pobre coração, retirando de mim esta operação. Jesus, que é tão bom, far-me-á esta graça?

Tirará de mim ao menos esta confusão que experimento por estes sinais externos? Elevarei fortemente a minha voz a Ele e não desistirei de implorá-lo para que, por sua misericórdia, retire de mim não o tormento, não a dor, porque dou-me conta ser isso impossível e eu sinto o desejo de inebriar-me de dor, mas estes sinais externos que me são causa duma confusão e duma humilhação indescritível e insustentável.

O personagem sobre o qual pretendia falar-lhe numa carta precedente não é outro senão aquele mesmo de que vos falei numa outra carta, visto no dia 5 de agosto. Ele prossegue na sua operação sem parar, com superlativo tormento da alma. Sinto no meu interior um contínuo rumorejar, semelhante a uma cascata, que continuamente jorra sangue. Meu Deus! É justo o castigo e reto o juízo, mas usa de misericórdia para comigo. Domine, dir-te-ei sempre com o teu profeta: Domine, ne in furore tuo arguas me, neque in ira tua corripias me! (Ps. 6,2; 37,1- Traduzindo: Senhor, dir-te-ei com o teu profeta; Senhor, não me castigues com tua ira, não me corrijas com teu furor!). Padre meu, agora que todo o meu interior vos é conhecido, dignai-vos fazer-me chegar a palavra do conforto, no meio de tão feroz e dura amargura” ... (Epistolario I, 1093 ss).

Carta 515 – Padre Pio a Padre BentoS. Giovanni Rotondo, 20/12/1918

... “Padre, o tormento que sinto no ânimo e no corpo em conseqüência das operações acontecidas e que perduram sempre, quando terão fim? Meu Deus, padre meu, eu não agüento mais. Sinto-me morrer de mil mortes e a cada instante. Sinto estar sendo devorado por uma força misteriosa, íntima e penetrante que me mantém sempre num doce, mas dolorosíssimo delíquio. O que é isto? Lamentar-se com Deus de tanta dureza, é culpa? E se é culpa, como se pode sufocar estes lamentos quando uma força à qual não se pode resistir, me impele sem podê-la frear de maneira alguma, a lamentar-me com o doce Senhor?

Há mais dias, experimento em mim uma coisa semelhante a uma lâmina de ferro que da parte baixa do coração se estende até o ombro direito em linha transversal. Causa-me uma dor muitíssimo pungente e não me deixa provar um pouco de descanso. O que é isso?

Este novo fenômeno comecei a percebê-lo depois de uma outra aparição daquele costumeiro personagem misterioso de cinco e seis de agosto e de 20 de outubro (Nota Bene: Padre Pio aqui se engana quanto ao mês: deve ser 20 de setembro e não de outubro), do qual vos falei, se vos recordais, noutras minhas cartas.
Dizei-me tudo na vossa resposta e tranqüilizai-me” ... (Epistolario I, p. 1105 s).


Neste outro trecho de uma carta do Padre Bento ao Padre Agostinho, podemos ter mais uma certeza e testemunho dos Estigmas do Padre Pio.

Nota 4 da carta 527 -. (Carta do Padre Bento ao Padre Agostinho):


“No dia 5 de março de 1919, Quarta-feira de cinzas, Padre Bento, depois de ter estado por alguns dias em San Giovanni Rotondo, escrevia desde Foggia ao Pe. Agostinho, e, entre outras coisas, dizia-lhe: “Teresa não se preocupou em ver no Piuccio o que fornece matéria de peregrinação de San Giovanni a São Marcos. Nele não são manchas ou sinais, mas verdadeiras chagas que perfuram as mãos e os pés. Eu, ademais, observei-lhe aquela do lado: um verdadeiro rasgão que verte continuamente sangue ou humor sangüíneo. Na Sexta-feira é sangue. Encontrei-o que mal se mantinha de pé: mas, ao deixá-lo, ele podia celebrar, e quando reza a missa, o dom fica exposto ao público, pois deve manter as mãos elevadas e nuas.” ( Epistolario I, p. 1129, nota 4).

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